Se você
pudesse olhar dentro de um microchip ou processador, o qual é o cérebro dos
computadores, smartphones e demais tecnologias digitais, vai encontrar
transistores, milhões de transistores*, os quais operam dentro da aritmética
binária do matemático George Boole. Assim, usando de 1s e 0s combinados
computadores podem realizar todo tipo de operação imaginável. Mas se antes
processadores eram componentes exclusivos de computadores, isto está mudando
radicalmente. De fato, qualquer objeto pode ter um processador, sensores e a
capacidade de “entrar na rede”, basta ser projetado para isto. Bem vindo a
Internet das Coisas.
Atualmente, vivemos uma fase inicial
da Internet das Coisas ou Internet of Things (IoT), onde objetos já existentes
podem “ganhar” a capacidade de processamento e conectividade (por exemplo o
sem-parar instalado no carro que permite a este “conversar” com o pedágio) e
novos objetos inteligentes sendo lançados no mercado, caso do termostato Nest
do Google, o Echo da Amazon para controlar a casa e os carros autônomos da
Tesla e Google. Segundo o Gartner, em 2016 já haviam 6.4 bilhões de coisas
conectadas em todo planeta.
Enquanto os objetos sobem um degrau em
sua escala evolutiva e começam a habitar o planeta de forma integrada,
coordenando suas ações, trocando informações, nós ao mesmo tempo, começamos a
virtualizar nossa existência. Dispositivos e softwares de realidade virtual
prometem tornar nosso avatar mais relevante que nosso corpo nos próximos dez ou
quinze anos. Vamos habitar o ciberespaço para trabalhar, visitar amigos, viajar
e fazer amor. Estaríamos iniciando nossa diáspora física do planeta, deixando-o
para as máquinas?
A Internet da Coisas, tenho certeza,
não precisa de nós. É preciso saber, se nós precisaremos das coisas, em especial
do planeta, para vivermos nele.
*
Faz alguns anos, muito mais que milhões. Um microchip ou processador Intel
Dual-Core Itanium 2 da Intel por exemplo, possui 1 bilhão e 700 milhões de
transistores.